quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Ditadura: Você Nunca Viveu Numa.

Os militares são seres humanos iguais a qualquer pessoa: nascem, crescem, reproduzem e morrem. Eles comem, bebem e dormem. Entre eles há honestos e desonestos, bons e maus, como em qualquer comunidade humana.
A força das armas é o fator que moldou, e molda ainda hoje, a história humana. Dos maiores exércitos vieram as maiores conquistas de povos e terras. Os grandes impérios foram formados na força das armas, todos sem exceção, e armas, simplesmente, aniquilam pessoas.
A imagem de sucesso dos exércitos vitoriosos através dos tempos encobriu o fator mais cruel das guerras: a morte de milhões de pessoas, soldados e civis. Desde a Primeira Guerra Mundial, a matança nas batalhas se tornou “industrializada”. Milhões de pessoas perderam suas vidas porque a tecnologia criou a capacidade de se atacar e se matar pessoas, mesmo se estando do outro lado do mundo.
Os militares sempre foram preparados para comandar e obedecer, tanto na paz quanto na guerra. Todas as vezes que os militares assumiram o poder em qualquer lugar do planeta o fizeram pela força das armas. Toda tomada de poder e toda revolução nascida das armas mataram pessoas que não a aceitaram. Seja na Rússia de Lênin, na Cuba de Fidel Castro, na Espanha de Franco ou em Portugal de Salazar. Não importa se a ditadura é de esquerda, como as duas primeiras, ou de direita, como as duas últimas, pessoas foram assassinadas para consolidar o novo governo.
Informações e dados das instituições que tratam dos desaparecidos no Brasil depois da Revolução de 31 de março de 1964, mais de 400 pessoas foram assassinadas pelo regime militar. Aqui, como na história das revoluções sangrentas, o roteiro é o mesmo.
As armas não respeitam nem aceitam opinião contrária, resolvem as desavenças na bala, nas rajadas de metralhadoras, nos tiros de canhão. Se você não sabe disto, é porque você jamais viveu em uma ditadura, ou, se viveu, se aproveitou dela.
No Brasil atual, em que a corrupção de políticos, agentes públicos e empresários tem assustado os brasileiros todos os dias, em que muitos dos líderes políticos e empresariais estão presos, o clamor pela tomada do poder pelos militares é exaltado.
Tomada do poder se chama ditadura; não há e nunca houve “ditador virtuoso”. Ditadura se impõe pela força, pela prisão e, em último caso, pelo assassinato de opositores. O Brasil já passou por ditaduras, de Getúlio Vargas e dos militares. Em ambas, os direitos constitucionais sofreram restrições severas. Quem manda nunca quer ouvir críticas; calar os opositores é fato básico e mortal.
Nicolas Maduro, um antigo motorista de ônibus que chegou a presidente da Venezuela, pensa que manda no país. Pobre diabo, bobo da corte dos militares venezuelanos, é sustentado por uma ditadura militar que já matou 101 manifestantes até agora. Você acha mesmo que uma ditadura brasileira teria um “ditador virtuoso”? Acorde, rapaz!
Se uma ditadura lhe apetece, vá morar na Venezuela, por sinal, milhares de venezuelanos estão fugindo para o Brasil para ver se não morrem de fome. Ou você acha que os militares brasileiros são monges budistas que imporão o governo através da meditação transcendental?
Só um desinformado não sabe que até apoiadores da ditadura militar brasileira (1964-1985) como foi Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara, tiveram que calar ou fugir do país depois que criticaram os excessos cometidos pelos militares. Outros críticos não tiveram tempo de fugir e foram mortos como Honestino Guimarães e o deputado Rubens Paiva.
Ao encontrar um militar observe suas costas e verá que eles não têm asas de anjos, se tomarem o poder vão querer ficar lá, na última ditadura brasileira eles passaram 21 anos no poder. Você que pede ditadura, se lembre que se não gostar dela não há como pedir o retorno da democracia. Se o fizer, você será mais um dos desaparecidos.
Professor, Doutor, João da Mata Cezar, Brasília para Fortaleza, em 20 de Setembro de 2017, para a TV Direito - A Legalidade no Ar.

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