terça-feira, 4 de março de 2014

Jim Croce - Time In A Bottle Lyrics-HQ

 Jorge, o Pequenino
Filho de Jamil Sales
Na última vez que encontrei Jamil,
há dez dias, ele chegou carregando o seu pequenino Jorge, de cinco meses de
idade e de pele clara qual um anjo barroco. Jorge é o anjo verdadeiro da
existência de Jamil. Ali contemplei um pai fascinado por seu filho e mais uma
vez a delicadeza e profundidade pessoais de Jamil fluíram como a correnteza
suave das águas cristalinas nas altas montanhas. Eu quase consegui tocar a sensibilidade
do momento quando Jamil aproximou o rosto do de Jorge, cada um deu um sorriso
inigualável para o outro. A imagem foi tocante porque foi bordada pela pureza
do amor entre um pai e um filho no auge de sua pureza infantil. Esplêndida
cena.
Ontem, em plena segunda-feira de
carnaval, havia centenas de pessoas no enterro de Jamil. Jorge estava lá nos
braços da mãe, Daiane, assistindo o pai ser enterrado. Sua inocência o impedia
de saber que naquele instante tudo mudaria em sua vida de apenas cinco meses.
Dolorosa cena.
Um cantor norte-americano chamado
Jim Croce escreveu uma música para seu filho chamada O Tempo em uma Garrafa (Time in a Bottle) onde ele diz que
“se pudesse pôr o tempo em uma
garrafa ele o faria para passá-lo com seu pequeno filho”.
Tal qual Jamil, Jim Croce morreu
prematuramente. Jim Croce fez a música sem saber que deixaria o filho tão cedo,
Jamil trocou aquele sorriso angelical com Jorge também sem saber que iria para
a eternidade dez dias depois.
Jamil foi um homem que amou as
pessoas com quem conviveu, era carismático, querido por todos, com um sorriso
de quem é feliz e sabe que é. A quantidade de pessoas, a tristeza e as lágrimas
dos amigos em seu enterro mostraram a dor de vê-lo partir para o mundo da
saudade.
Jorge é a perpetuação da vida de
seu pai através do tempo, ele eternizará Jamil pela história humana quando um
dia tiver seu próprio filho. Nós que tivemos a honra e a sorte de conhecer
Jamil, devemos ajudar a manter viva as lembranças de uma pessoa tão querida e
admirada, à medida que Jorge crescer escutará de todos sobre a grande pessoa e
o grande fazedor de amigos que seu pai era.
Quem não tem medo de amar, não
tem medo de mais nada. Jamil amou os que conviveram com ele, amou sua esposa, seus
pais, seus amigos e, acima de tudo, amou demais a seu filho. No passar ritmado
do tempo, todas as vezes que encontrarmos Jorge nós lembraremos de Jamil, nesta
lembrança, parte será saudade, parte será a eternidade de um amigo invulgar.
No Monte Everest há um memorial
dos alpistas para seus companheiros que morreram  escalando ali, é tocante vê-los falar dos companheiros
que não mais estão vivos. Jamil é o primeiro piloto de parapente cearense a
falecer na prática do esporte. Ninguém sobe o Everest para morrer, mas
acontece; ninguém voa de parapente para se acidentar, aconteceu com Jamil.
Acidentes são lições para os que vão continuar a voar de parapente. Jamil se
torna um herói porque seu destino traz lições para os que têm o voar como prazer
e satisfação.
Ao crescer, Jorge tem que lembrar
de seu pai como um herói, juntamente com ele, cabe a todos nós esta ingrata e
importante missão.
                                              
João da Mata Cezar
                                                     engenheiro

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